23 de ago. de 2010

Capítulo IV

Clóvis Constantino desligou o telefone atônito. Encarava o nada. Até voltar à realidade com o gritos de Cassandra Cacilda.

- Clóooovis, VEMK!

Clóvis Constantino, viril e sedento, voltou à sala em que fez nascer raios de amor até o amanhecer. Lá estava Cassandra Cacilda esperando-o. Como era linda aquela mulher! Como ele pôde não notá-la assim que entrou no restaurante orgânico? Como não pôde perceber que aquela meleca roxa a deixava mais linda? Como pôde ter sido um estúpido arrogante, entrando na casa daquela deusa sem nem pedir licença, e encher aquele Monte Olimpo com o odor de suas entranhas? Bem, agora isso não importava mais. Ele a tinha em suas mãos. E ela tinha... bem, vocês sabem.


O dia passou e os nem notaram. Só tinham olhos um para o outro. Caiu a noite, Cassandra Cacilda caiu no sono. Aquela mulher frágil com fôlego de leão se deu por vencida. Estava cansada.

Clóvis Constantino foi até a varanda, puxou seu maço de Carlton Mint e, fumando, apreciou o pôr-do-sol. Pensava em deixar o apartamento da amada. Mas tinha medo. Medo de perdê-la, medo de voltar a ser um lobo solitário, que ganha a vida com mulheres de uma noite. Não queria deixa-la. Não podia deixa-la. Algo dentro dele dizia que essa era a mulher de sua vida. Queria passar o resto da vida com ela! Casar, morar em uma casa amarela com cerca de madeira, cuidar do jardim aos sábados, ir à igreja no domingo de manhã e almoçar com a família... Ter filhos, claro! Um menino e uma menina. Poderia ensinar-lhes música, história da arte, matemática, o fascinante mundo da física quântica. Ensinar-lhes-ia tudo que pudesse.

Mas Clóvis Constantino não tinha um emprego, não tinha uma formação. Até aquele dia, vinha vivendo com a fortuna que seu pai havia lhe deixado. Não queria mais ser sustentado pelo trabalho do pai. Decidiu ter um emprego, decidiu estudar. Mas estudar o quê?

Pegou suas roupas, vestindo-se apressadamente. Estava decidido: iria procurar um emprego e começar a estudar.

Enquanto Clóvis Constantino pesquisava e sonhava com seu futuro ao lado de Cassandra Cacilda, esta dormia.

Depois de muita pesquisa, Clóvis Constantino encontrou uma vaga que lhe parecia atraente: garoto do cafezinho em um famoso escritório de design. Trabalharia durante o dia, estudaria à noite. O curso escolhido? Oceanografia.

Deixou uma mensagem na secretária eletrônica para Cassandra Cacilda: “Querida Cassandra, estive pensando muito em nós. Sei que fui rude e inconveniente. Sei que errei. E agora percebi que você é a mulher da minha vida, a única mulher que me fará realmente feliz. Além da minha mãe, claro. Decidi ajeitar minha vida para assim poder te fazer a mulher mais feliz do mundo. Não, não quero viver de amor. Te amo.”
Cassandra Cacilda, ao acordar, sentia suas pernas bambas. Não tinha forças. Apesar disso, conseguiu levantar-se e chamar por Clóvis Constantino. Não obteve resposta, estava sozinha. Sentiu seus olhos marejarem, e então lágrimas escorreram por sua doce e suave face. Lá fora, chovia.

Então começou o vento. Entrava pelas janelas de seu apartamento em alta velocidade, derrubando flores e espalhando papéis. Junto, a chuva. Cassandra Cacilda correu até seu quarto para fechar a janela. Foi e voltou. Lembrou-se da janela da cozinha aberta. Correu até o dito cômodo e, assim como um tomate espatifa-se ao encontro do chão, lá se foi Cassandra Cacilda. O chão fora molhado pela chuva, e os chinelinhos bordados com rendas e flores de pedrinhas de plástico não conseguiram segurá-la. Cassandra Cacilda bateu a cabeça na quina da mesa. Seu corpo jazia imóvel no piso molhado, seu sangue misturando-se agora com a água que entrava pela janela.

Cassandra Cacilda estava desmaiada em um sono profundo. Será que ela conseguirá acordar?

3 comentários:

  1. Oceanografia-a faculdade mais podre que existe!srsrsrrs!

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  2. ãããã ela vai morreeeer!
    é meu sonho ser o cara do cafezinho, deve ser uma profissão e tanta! *-*

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  3. aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah, ela não pode morrer!

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