28 de ago. de 2010

Capítulo V

Chegando ao escritório "Restart", Clóvis Constantino entrou e sentiu aquele odor de lavanda e metal que vinha de dentro do recinto: era puro luxo, tudo muito chic, com lustres de cristais forjados em ouro, móveis de madeira tabaco e metal com um tecido aveludado e todas aquelas pessoas sorrindo e todas muito glam olhando para ele. Clóvis Constantino viu que aquele lugar era ideal para que ele pudesse crescer na vida. E era verdade.

- Olá, eu vim aqui para a entrevista de emprego, para servir o café - disse Clóvis to empolgado.
- Olá, perfeitamente. Por favor, queira acompanhar-me até a sala de entrevistas, senhor - a moça deu uma escaneada em Clóvis, falando com toda a delicadeza e fofura que possuía.

O escritório tinha dois andares e era grande, ocupava meia quadra do bairro. Clóvis Constantino seguia a moça fielmente, olhando por onde passava. Era um lugar magnífico.

- Aqui está, a sala de entrevistas. Por favor, senhor, espere até que lhe chamem para a entrevista - a moça era muito doce.
- Sim, e muito obrigado - Clóvis sorriu para ela, simpaticamente.

A moça foi indo embora, toda empolgada por ter recebido um sorriso charmoso de um homem que ela tinha achado interessante. Clóvis, por sua vez, ficou ali sentado esperando para que alguém viesse chamá-lo, pois ele estava bem ancioso. Passaram-se quinze minutos e Clóvis Constantino estava quase morrendo de sono, pescava e babava ali, no banco de camurça preto com toques cromados muito glam. Então, ele ouviu de longe alguém falar seu nome, até que percebeu quem era... Não podia ser... Clóvis imediatamente queria fugir dali, não queria mais trabalhar nesse recinto superglam.

- Clóóóóóviss, é você!! Há quanto tempo!? - o homem parecia ser um conhecido de seu passado.
- Sim, sou eu mesmo Sr. Smith. Bom, faz mais ou menos uns 3 dias que não nos vemos, desde a boate - Clóvis Constantino estava apreensivo. Ele não queria estar ali, com o Sr.Smith.
- Bom, entre em minha sala. Nem acredito que você veio aqui para trabalhar, posso arranjar-lhe coisas bem melhores que ser o garoto do café.
- Mas eu preciso de dinheiro para começar a sustentar uma família, pois a mesma não se sustenta só de amor e carinho.

Sr.Smith não gostou nada nada de ter ouvido isso.
- Uma família? Como assim uma família, Clóvis Constantino? Não me diga que você está com aquela mulher pé rapada com um troço roxo no queixo!? Você sabe que eu fui muito melhor do que ela... - Sr.Smith queria pular em Clóvis, queria agarrar-lhe e roubar um beijo, mas não ali. Não no seu escritório, onde todos achavam que ele fosse macho alfa.
- Sr.Smith... O que o passado me fez fazer, não importa mais, eu sou um homem sério agora e não adianta insistir. Aquilo foi só uma experiência que não deu certo.

Clóvis Constantino não gostava de lembrar de seu romance adolescente com Sr.Smith. Mas era inevitável, todas aquelas cenas vindo em flashes em sua cabeça, as sensações, as emoções, o tato, os beijos... Aquilo estava deixando-o embaludado e, ao mesmo tempo, com nojo e medo porque não queria isso mais em sua vida. Só podia pensar em Cassandra Cacilda, seu único amor verdadeiro.

- Clóvis, vamos voltar a ter aquele sentimento mútuo que tínhamos um pelo outro, por favor...
- Sr.Smith, terei meu emprego de servidor de café ou não? Não posso ficar aqui o sia todo, tenho outros lugares para ir, além de ir na casa da MINHA namorada - Clóvis Constantino estava ficando revoltado, seu corpo e sua mente... Ele não conseguia controlar suas emoções.
- Só com uma condição...

23 de ago. de 2010

Capítulo IV

Clóvis Constantino desligou o telefone atônito. Encarava o nada. Até voltar à realidade com o gritos de Cassandra Cacilda.

- Clóooovis, VEMK!

Clóvis Constantino, viril e sedento, voltou à sala em que fez nascer raios de amor até o amanhecer. Lá estava Cassandra Cacilda esperando-o. Como era linda aquela mulher! Como ele pôde não notá-la assim que entrou no restaurante orgânico? Como não pôde perceber que aquela meleca roxa a deixava mais linda? Como pôde ter sido um estúpido arrogante, entrando na casa daquela deusa sem nem pedir licença, e encher aquele Monte Olimpo com o odor de suas entranhas? Bem, agora isso não importava mais. Ele a tinha em suas mãos. E ela tinha... bem, vocês sabem.


O dia passou e os nem notaram. Só tinham olhos um para o outro. Caiu a noite, Cassandra Cacilda caiu no sono. Aquela mulher frágil com fôlego de leão se deu por vencida. Estava cansada.

Clóvis Constantino foi até a varanda, puxou seu maço de Carlton Mint e, fumando, apreciou o pôr-do-sol. Pensava em deixar o apartamento da amada. Mas tinha medo. Medo de perdê-la, medo de voltar a ser um lobo solitário, que ganha a vida com mulheres de uma noite. Não queria deixa-la. Não podia deixa-la. Algo dentro dele dizia que essa era a mulher de sua vida. Queria passar o resto da vida com ela! Casar, morar em uma casa amarela com cerca de madeira, cuidar do jardim aos sábados, ir à igreja no domingo de manhã e almoçar com a família... Ter filhos, claro! Um menino e uma menina. Poderia ensinar-lhes música, história da arte, matemática, o fascinante mundo da física quântica. Ensinar-lhes-ia tudo que pudesse.

Mas Clóvis Constantino não tinha um emprego, não tinha uma formação. Até aquele dia, vinha vivendo com a fortuna que seu pai havia lhe deixado. Não queria mais ser sustentado pelo trabalho do pai. Decidiu ter um emprego, decidiu estudar. Mas estudar o quê?

Pegou suas roupas, vestindo-se apressadamente. Estava decidido: iria procurar um emprego e começar a estudar.

Enquanto Clóvis Constantino pesquisava e sonhava com seu futuro ao lado de Cassandra Cacilda, esta dormia.

Depois de muita pesquisa, Clóvis Constantino encontrou uma vaga que lhe parecia atraente: garoto do cafezinho em um famoso escritório de design. Trabalharia durante o dia, estudaria à noite. O curso escolhido? Oceanografia.

Deixou uma mensagem na secretária eletrônica para Cassandra Cacilda: “Querida Cassandra, estive pensando muito em nós. Sei que fui rude e inconveniente. Sei que errei. E agora percebi que você é a mulher da minha vida, a única mulher que me fará realmente feliz. Além da minha mãe, claro. Decidi ajeitar minha vida para assim poder te fazer a mulher mais feliz do mundo. Não, não quero viver de amor. Te amo.”
Cassandra Cacilda, ao acordar, sentia suas pernas bambas. Não tinha forças. Apesar disso, conseguiu levantar-se e chamar por Clóvis Constantino. Não obteve resposta, estava sozinha. Sentiu seus olhos marejarem, e então lágrimas escorreram por sua doce e suave face. Lá fora, chovia.

Então começou o vento. Entrava pelas janelas de seu apartamento em alta velocidade, derrubando flores e espalhando papéis. Junto, a chuva. Cassandra Cacilda correu até seu quarto para fechar a janela. Foi e voltou. Lembrou-se da janela da cozinha aberta. Correu até o dito cômodo e, assim como um tomate espatifa-se ao encontro do chão, lá se foi Cassandra Cacilda. O chão fora molhado pela chuva, e os chinelinhos bordados com rendas e flores de pedrinhas de plástico não conseguiram segurá-la. Cassandra Cacilda bateu a cabeça na quina da mesa. Seu corpo jazia imóvel no piso molhado, seu sangue misturando-se agora com a água que entrava pela janela.

Cassandra Cacilda estava desmaiada em um sono profundo. Será que ela conseguirá acordar?

8 de ago. de 2010

Capítulo III

Chegando em casa, Cassandra Cacilda pegou seu copo de requeijão do Piu Piu e encheu-o com água gelada até a borda. Bebeu. Clóvis Constantino também entrou na casa de Cassandra Cassilda, afinal, ele queria se assegurar que ela ficaria bem.

- Você está bem, agora, Cassandra Cacilda? - Clóvis Constantino estava apreenssivo.
- Como ousa entrar em minha casa, Clóvis? Você nem foi convidado, além de ficar gozando de minha cara por estar com meleca roxa, você ainda por cima não respeita a privacidade das pessoas.
- Cassandra Cacilda... Eu tenho... Uma coisa para lhe dizer... - Clóvis estava muito nervoso e apreenssivo, pois havia algo em seu estômago, em seu corpo que estava lhe dizendo para ir adiante.
- Sim, diga... - Cassandra Cacilda mudou seu tom de voz. Estava esperando que Clóvis Constantino dissesse o que ela queria ouvir, esperando que saísse de sua boca como se fosse música cantarolada em um dia ensolarado.
- Onde fica o banheiro? Estou com uma diarreia daquelas e o urubu já está beliscando - então, ao mesmo tempo, Clóvis Constantino solta uma bufa.

Quando Clóvis Constantino disse isso, o mundo de Cassandra Cacilda desabou como se alguém tivesse pego uma folha de papel e colocasse no fogo escaldante.
- É aquela porta atrás de você - ela falou aos choros.

Clóvis Constantino foi correndo e a medida que andava, soltava uma bufa que incomodava seu corpo. Já Cassandra Cacilda, ficou ali, chorando aos prantos. Depois do que ela presenciou, Cassandra Cacilda realmente pensou em ser uma pessoa diferente: ser uma freira e morrer sozinha, somente amando a Cristo como sempre fez aos domingos e nos meses em que havia o Encontro de Jovens "Exército de Jesus". Mas não.

Enquanto isso, Clóvis Constantino estava lá, desempacotando seu Negresco enquanto lia a revista Caras, lendo a reportagem que Justin Bieber bateu a cabeça na porta giratória do banco. Quando terminou de fazer suas necessidades, Clóvis Constantino puxou a descarga e lavou suas mãos. Ajeitou-se e apertou um pouco o Bom Ar fixado na parede. Quando saiu do banheiro com cheiro de flores campestres, Cassandra Cacilda veio correndo e pulou no colo de Clóvis Constantino, abraçando-o firmemente como se fosse a vara do poledance.

- Clóvis Constantino, eu te amo meu gostosão - e nisso Cassandra Cacilda deu um beijo que arrancou suspiros desenfreados de Clóvis Constantino.
- Cassadra Cacilda, eu também te amo, mas eu não sabia se você também sentia o mesmo que eu. Saiba que quero fazer parte de sua vida e te fazer feliz - Clóvis até que se saía bem falando seus sentimentos.

Aquele odor de sândalo que saía da garganta de Clóvis Constantino deixava Cassandra Cacilda estonteada, ela não estava mais tendo constrole de seus sentimentos, ações e pensamentos.
- Venha Clóvis Constantino, vamos para um lugar melhor e mais aconchegante...
- Vamos...

Os dois foram para o lugar aos beijos descontrolados e desinibidos. Depois de muito a se beijar, chegaram. Era o colchão inflável da Mohr que ficava na sala da casa, para dar mais aconchego. Os dois caíram sobre o colchão e continuaram nos amassos e oba-obas da vida carnal e mundana que todos adoram.

Aquilo durou a noite toda com vários "Te Amo", "Te Quero", "Me Possua", "Dá-me Seu Amor", "Vem k" e etc.

Pela manhã, os dois dormiam como anjos, mas em uma posição nada angelical. Nisso, o telefone celular de Clóvis Constantino toca e ele acorda ligeiramente, atendendo-o.
-Alô. Quem fala?
-Aqui é seu amigo, lembras de mim?

Clóvis Constantino não sabia como ele havia encontrado seu número do telefone celular, mas sabia que agora não era uma boa hora para pensar nisso. Ele precisava conhecer esse cara e queria saber o que ele queria.