9 de jan. de 2011

Capítulo XI

Clóvis Constantino tomou um banho longo e quente, pensando em Cassandra Cacilda e no que ela poderia estar fazendo e no beijo ardiloso em Sr. Smith, seu chefe do escritório de design Restart. Seus músculos agradeciam pela água quente que caía sobre seu corpo, relaxando-o e fazendo-o pensar mais claramente naquilo que seria o correto a ser feito. Saiu do banho e foi deita-se. Ele precisaria de uma boa disposição e uma mente lúcida para enfrentar o dia que estava por vir.

O telefone toca. Clóvis Constantino acorda para atendê-lo, mas quando tira do gancho apenas ouve o som grave e contínuo de um telefone esperando que você faça uma ligação. Frustrado, coloca o telefone novamente ao gancho e, todo suado, vai tomar banho para ir ao trabalho. Clóvis liga o rádio na estação Corset On Heart e ouve a música que o faz lembrar em Cassandra Cacilda:



Seus olhos lacrimejam ao lembra-se de sua mulher, do seu torresmo, da sua razão de viver. Mas não. Ele não vai atrás dela. Ela quem dançou naquela maldita boate. Ela quem deve ir atrás de seu macho fora de controle.

Clóvis Constantino toma seu café com torradas, escova os dentes, desliga o rádio e vai direto ao escritório da Restart, para mais uma jornada de trabalho. Chegando lá, pega sua bandeja prateada e prepara o café. De porta em porta, entrega um copo, cabisbaixo por sentir tanta falta de Cassadra Cacilda. Por que ela não sai de sua cabeça? Será que algo aconteceu com ela para ela não ter ligado? Ela está com um dos machos de pernas duras e torneadas da boate? Clósvis Constantino tenta tirá-la de sua cabeça para que não pense em mais besteiras, pois ele estava em seu trabalho e não poderia simplesmente sair dali, correndo e gritando o nome de sua amada, como as garotinhas love Edward fazem. Ajeitou sua bandeja e foi adiante, indo à sala do Sr. Smith.

Bateu na porta e recebeu o aval para entrar. Sr. Smith estava lá, com as pernas sobre a escrivaninha, feliz e radiante como um dia ensolarado com morangos adocicados caindo do céu e unicórnios pulando na relva fofa de algodões-doces. Clóvis Constantino coloca o café na escrivaninha e vira-se para a porta, sem olhar para os lados, somente para o chão.

Não se sabe, mas no mesmo momento Sr. Smith agarra-o pelo braço e tenta dar mais um beijo desintupidor de pia. Clóvis Constantino o empurra para longe, derrubando alguns itens da Madonna em sua estante.

-Por quê essa agressividade toda, Clóvis? Ontem mesmo demos um beijo mais profundo que o do Di Caprio em Titanic - Sr. Smith estava encalorando-se com as lembranças vívidas.
-Porque eu estava confuso e estava desesperado. Quis me vingar de Cassadra Cacilda e foi o ato mais imbecil de toda minha vida - Clóvis Constantino fita-o como um leão olha para uma zebra indefesa, pronto para dilacerar.
- Mas você ainda quer, eu sinto isso no seu olhar, no seu corpo - Sr. Smith aproxima-se de Clóvis e tenta beliscar a ponta de seus mamilos - Além disso, todos na empresa já sabem do ocorrido.
- O quê!? Como você foi capaz disso? - Clóvis Constantino esbugalha seus olhos, em uma mistura de raiva e desespero e afasta-se de Sr. Smith.
- Ah, você sabe... Eu sei... Você será meu e eu serei seu, está escrito - Sr. Smith aproxima-se para mais um beijo, mas agora tímido e calado como a noite em alto mar.
- Saia daqui! Eu me demito! Você não é mais digno de minha amizade, nem de minha compaixão. Nunca mais ouse dirigir um olhar para mim. Clóvis Constantino dá um soco na cara de Sr. Smith e uma joelhada em seu estômago, fazendo-o ver estrelas em plena luz do sol.

Clóvis sai correndo do escritório, com raiva, decepção, desespero e ansiedade. Simplesmente corre para algum lugar, mas não sabe qual. Está sem destino. Está sem Cassandra Cacilda. Sem o amor de sua vida, clamando por sua proteção. Um carro o atropela, enquanto corria pela rua sem olhar para os lados. Então ficou inconsciente e foi ao hospital. Ele estaria morto? Será que assim Cassandra iria visitá-lo no hospital? E Sr. Smith largaria de seu pé e o deixaria viver sua vida com Cassandra?